Theatro Municipal do Rio de Janeiro, foi o primeiro ar condicionado do Brasil
“Trechos foram retirados do Livro: Memoria da Refrigeração e do Ar-Condicionado no Brasil – Uma História a ser contada. Por Cristiane Di Rienzo”
Livro patrocinado pela A.Salles Engenharia
A construção do Theatro Municipal do Rio de Janeiro era antiga aspiração dos cariocas, que de longa data vinha preocupando os administradores da cidade sem que fosse levantada sua construção.
Em dezembro de 1902 assumiu o cargo de Prefeito o Dr. Francisco Pereira Passos (1836 – 1913), destinado a transformar no curto prazo de quatro anos a antiga capital federal numa das mais famosas cidades do Brasil.
Engenheiro, Passos foi prefeito da cidade do Rio de Janeiro até 1906, nomeado pelo presidente Rodrigues Alves, foi lhe dada a missão urbanística na cidade. Ao lado de Lauro Muller, Paulo de Frontin e Francisco Bicalho, Objetivado a transformar a cidade do Rio de Janeiro em uma capital tal qual os moldes franceses, uma nova Paris, Neste feito arquitetônico, foram então destruídos em torno de 1.500 domicílios, números expressivos para a época.
O Theatro foi construído entre 1905 a 1909, com base no projeto arquitetônico de Oliveira Passos, com a colaboração de Guilbert. As obras tiveram seu início em 02 de Janeiro, sob a direção de uma construtora criada para esse fim, cuja chefia foi confiada ao autor do projeto. O desenho teve por sua inspiração um prédio da Ópera de Paris, construída por Charles Garnier e todo o material usado na construção foram importados da Europa. Os maiores artistas brasileiros da época, Eliseu Visconti, Rodolfo Amoedo e Rodolfo Bernardelli, criaram pinturas e esculturas para adornar a sala de espetáculos, fachada e as áreas de circulação do Theatro.
Inicialmente, o Dr. Passos dirigiu sua atenção para o Theatro São Pedro Alcantara. Sua intenção era a transformação e adaptação exclusiva para representações dramáticas.
O Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com capacidade para 1.739 espectadores, foi inaugurado pelo Presidente Nilo Peçanha e pelo Prefeito Sousa Aguiar no dia 14 de julho de 1909, quatro anos e meio após o início das obras.
O GRANDE DESAFIO EM TRAZER O 1º AR CONDICIONADO DO BRASIL
Ventilação e Refrigeração do Ar
Na época, era previsto totais condições para uma boa funcionalidade da ventilação e uma continua renovação do ar, sem que ocorresse fortes jatos e impasses ofensivos à saúde e ao bem-estar dos visitantes e artistas.
O sistema de ventilação e refrigeração foi adaptado de acordo com o que foi empregado pela casa Siemens – Schuckertwerke no Novo Theatro Municipal de Nuremberg. No teatro, dois ventiladores centrífugos de construção especial e de baixa rotação deslocavam 50 mil metros cúbicos de ar por hora. Com tal pressão de 7mm de coluna d’água. Um e outro introduziam o ar previamente tratado pelo teto da plateia e palco.
Esse mesmo sistema foi tomado pelo Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a distribuição de ar foi realizada à baixa velocidade, difundindo-se pelo espaço antes de entrar em contato com o público. Instalações mecânicas, elétrica, iluminação elétrica, de efeito de cena, ventilação e refrigeração de ar. Tal como equipamentos de alarme de incêndio e de fiscalização, foram montadas pela empresa Companhia Brasileira de Eletricidade “Siemens Schuckertwerke”
A refrigeração era alcançada pelo sistema de compressão de gás sulfuroso, equipamentos foram colocados no subsolo, embaixo da entrada geral da frente do teatro. Esses equipamentos de refrigeração tinham tais capacidade de condicionadores como 200 mil quilocalorias por hora.
Para a realização da refrigeração do ambiente era feito da seguinte forma: cerca de duas horas antes de cada apresentação, o maquinista do sistema, colocava nove “teletermometros” em pontos estratégicos do lado de fora do teatro a fim de medir a temperatura. Depois disso, o ar refrigerado era insuflado a uma temperatura de 15 graus mais baixo do que o exterior, de modo no qual no interior do Theatro houvesse uma diferença de temperatura cerca de 10 graus mais baixo da temperatura externa.
Essa instalação do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, operou entre 1909 a 1934, ano da sua primeira reforma, em que foram retiradas e adaptadas algumas colunas metálicas que faziam parte da sustentação dos balcões, colocaram-se vigas de concreto armado. Deixando assim os esforços para as paredes espessas das laterais.
A construtora na qual era a responsável, montou os forros dando um tratamento arquitetônico para os itens estruturais abordados.
São esses elementos no sistema atual de ar-condicionado retorna o ar para os atuais climatizadores localizados na laje do teto da galeria.
Nesta reforma teve o surgimento do ar condicionado tal como foi concebido por Willis Carrier – 1902. Como parte daquela reforma, houve aumento dos balcões disparando no número de lugares para 2.531 espectadores.
Logo após a primeira reforma, houveram outras duas em meados de 1970 e em 2000. Nessas reformas aconteceu substituições para a modernização e melhoramento dos equipamentos.
Vale ressaltar que a mencionada instalação de ambientes artificialmente ventilados e refrigerados, foi realizada no Brasil nesse templo de artes, deve ser honrado com orgulho por nós. Ela, uma das primeiras de muitas instalações de condicionamento de ar no mundo, sendo hoje objeto de uso e estudo por profissionais e pesquisadores da história.
Desde sua inauguração, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro teve quatro grandes reformas: 1934, 1975, 1996 e 2008. A primeira delas aumentou a capacidade da sala para 2.205 lugares e, apesar da complexidade da obra, foi realizada em três meses – atualmente, o Theatro conta com 2.252 lugares. Em 1975, foram realizadas obras de restauração e modernização e, no mesmo ano, foi criada a Central Técnica de Produção. Em 1996, iniciou-se a construção do edifício Anexo com salas de ensaios para o Coro, Orquestra Sinfônica e Ballet. A reforma iniciada em 2008 e concluída em 2010 concentrou-se na restauração e modernização das instalações.
A IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE DO AR DE INTERIORES (Q.A.I) SEMPRE ESTEVE PRESENTE NA HISTÓRIA DA CLIMATIZAÇÃO DE AMBIENTES
Podemos ver através deste fato histórico, que a qualidade do ar de interiores, que tanto se fala hoje, sempre foi um fator importante e levado em consideração, pois já se trabalhava com uma técnica muito aprimorada para renovação de ar externo, com filtragem e altas taxas de renovação do ar em ambientes fechados.
Nós da A.Salles Engenharia, levamos estes fatos e essas técnicas muito a sério e durante os nossos mais de 80 anos de existência, sempre visamos a evolução e inovação tecnológica mas sem perder o bons ensinamentos e referências.